segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Toda forma de vida e de amor

 


Toda forma de vida é única, é especial, é marcante, é determinante e é veículo vivo do amor natural em sua essência concebida. O ser humano transporta diversidade em todo planeta, apresentando uma diferença tanto quanto singular, no entanto manifestamos uma semelhança impressionante. Assim somos, iguais, idênticos, semelhantes e, em simultâneo somos únicos em nossa individualidade e no nosso coletivo. A riqueza humana é bela e vasta, para tal conseguirmos respeitar, melhor entender e apreciar basta que olhemos com a atenção devida.

As expressões de amor sentidas são várias e apresentam-se sob vários espectros e formas, sendo cada qual válida e adequada para cada um/x.  O corpo e vida dx transgénero, dx não-binárix, dx queer, dx assexuadx, dx pansexual e de todxs aquelxs que aqui coabitam são especiais e valiosas tanto quanto a do homem e mulher cisgénero (aquelxs que se identificam com o género biológico atribuído à nascença). O ódio, a fobia e o preconceito nascem do desrespeito e da ignorância, frutos do medo sob aquilo que é desconhecido. Assusta tanto assim alguém não se identificar com o corpo que nasceu? Ao ponto de destruir e retirar a vida desse ser humano?  Aprendamos mais com os ditos “animais selvagens”, assim como das tribos indígenas que manifestam várias expressões e identidades de género há várias gerações. Entre elxs importa sobretudo a felicidade e o respeito. A problemática identidade de género, alvo de polémicas intermináveis, julgamentos e posições recheadas de medo e preconceito por várixs políticxs e funcionárixs publicxs tem sido fortemente discutida (de alguma forma) ultimamente. Talvez seja necessário olhar e falar abertamente, com evidências científicas e olhares atentos de clínicxs e técnicxs especializadxs, além de trazer para perto todxs aquelxs que necessitam do auxílio maior. Faço referência delxs que se identificam enquanto seres não cisgéneros, que fogem ao padrão héterocisnormativo.

A orientação sexual é outro grande ponto, aliado ao anterior citado, que desperta há muitos e largos anos controvérsia, polémica, protestos, guerras e muito sofrimento.

A comunidade LGBTI+ continua com o apelo por respeito, por direitos à vida, um emprego, uma casa, uma família. Urgentemente pede por paz, por poder regressar a casa (aquelxs que a têm) sem sofrer qualquer agressão, um apelo por assistência médica e hospitalar (tratamento hormonal, acompanhamento psicológico, entre outros) e por uma vida mais digna. Sim, neste momento as pessoas transgéneras têm os seus direitos sociais pouco ou nada respeitados e validados, acabando muitas vezes por se prostituir e, não raro suicidam-se ou são assassinadxs. Índice muito alto para as mulheres transsexuais, brutalmente agredidas com frequência. Igualmente aos seres humanos de orientação sexual (fora da heterossexualidade), como os homossexuais (e não apenas, como exemplo bissexuais) que são alvo do preconceito, da fobia e das recorrentes agressões. Frequentemente estes grupos são expulsos de suas casas, por simplesmente serem quem são, sofrem injúrias, calúnias, agressões várias e têm suas vidas dificultadas. As atividades para honrar todo este grupo, como as paradas LGBTI+ (Pride), ações de sensibilização, entre outros manifestos ativistas continuam a ser imprescindíveis. Sim, esta comunidade está um bocado longe em ter os seus direitos básicos de vida garantidos e assegurados. Apenas pedimos por respeito (ninguém gosta de tudo), pois essa é a base humana para uma convivência civilizada. Toda a forma de vida e de amor é válida e deve ser respeitada.


Artigo publicado no Blogue da Associação Womaniza-te, a 2 de Março de 2021; E também publicado na página do Dezanove.pt, a 7 de Abril de 2021.

Uma voz... Uma vida...



Poderá haver (e chegar) o dia, em que não mais se veja a desigualdade…

Terra de sonhos, ou o dito paraíso? Não! Não creio nisso, pois essa essência de nós depende que exista e seja possível.

Cada um de nós é único, diferente e singular. O corpo, este veículo em que cada qual se apresenta, manifesta a perfeição da natureza. Ainda que assim não consiga enxergar.

Questiono a mim mesmo, porque insisto em querer que seja tudo à minha maneira?

Se a Biologia nos mostra que, a variabilidade genética vai gerar os traços e características próprias e únicas de cada um… quão egoísta seria eu, ao querer ser idêntico ou igual ao outro?

Ou que alguém virá a pensar e entender o mundo, tal e qual como eu?

Vale ressaltar que a diversidade existente é das maiores riquezas que podemos observar. Poderá ser desconfortável, desafiante em alguns momentos, ou ainda (se assim o permitir) uma nova perspetiva multicolorida. Com certeza não deixa de ser fundamental para a evolução.

Nesse momento, terei a oportunidade para aprender novos dialetos, idiomas, linguagens, além de todas aquelas, das quais as cordas vocais humanas emitem. Talvez a comunicação com outros seres vivos se torne possível e compreensível.

Conseguiria decifrar o canto de alguns pássaros, à beira de minha janela? Certamente que sim!

Quem sabe poderei vir a entender o pedido insistente do coelho ou de outro gato? Para tal, me permito ouvir atentamente, sem expectativas, ou na esperança que irão falar conforme gostaria. Tal e qual daquela maneira, em que por vezes são retratados nas bandas desenhadas ou nas telas do cinema.

Entender e respeitar as múltiplas naturezas vivas é um desafio, em simultâneo uma dádiva oferecida gentilmente a mim, e a todos nós.

Antes de ignorar o que o outro me transmite, procuro ouvir atentamente e com o respeito que lhe é próprio. Sem julgar ou menosprezar a biodiversidade, sigo em frente…

Pois, uma voz… simboliza uma vida…

Vida essa, que poderá fazer toda diferença, para mim, para ti e para ele ou ela…

Estarei disposto a olhar com gentileza para todo o ser vivo? Para os animais humanos e não humanos?

Desafio-me a mim mesmo, mas também a ti…

Subindo degrau por degrau, na escalada da vida assim vou…

Hoje vou olhar para o outro(a), aquele(a) qual nunca parei para observar e respeitar. Pode ser uma gaivota, um ganso, um peixe… permito-me apenas sentir e contemplar o momento. Talvez tenhas agradáveis surpresas e descobertas, ou até mesmo revelações.

Pois uma voz é uma vida... a tua, a minha e a de todos os seres vivos… inclusive animais não humanos.

Pensa nisso, com carinho e…

Assim deixo-te, com esta reflexão e nova descoberta, para mim e para ti.

Até à próxima!


Artigo publicado na Tribuna da Madeira, a 18 de Outubro de 2020.

O moderno fascismo





Nos tempos que correm, e vale ressaltar que continuamos perante uma pandemia, a vida no planeta tem sido desafiante em vários espectros.

Assistimos a uma guerra partidária sem par, casos de violência doméstica dispararam abruptamente, maltratar os animais tornou-se algo corriqueiro, entre tantas e várias outras formas da ignorância cruel.

O uso da máscara e os cuidados recomendados, como a distância de segurança não mais são vistos por muitos humanos como algo necessário. Será que o microrganismo desapareceu ou alguns de nós estão imunes perante o vírus presente?

Entramos num estado negacionista extremo, no qual a segurança individual e coletiva vai sendo ignorada.

Notável fica nas atitudes rotineiras, onde tais disparidades são visivelmente declaradas. Observamos o achar (e os “achismos”) cada vez mais ser uma evidência, camuflando-se assim enquanto ato científico comprovado. Até quando iremos estar e permanecer neste surto ignorante?

O vírus nos traz reflexão e nos lembra que a vida é importante e cada forma de ser é igualmente válida e tem o seu lugar.

Assim sendo, continuamos na jornada com o teor fascista onde muitos atos políticos demarcam a frente na direita e/ou na extrema direita a vir à tona. Aliás, ela de facto não se extinguiu, pelo menos por enquanto e persiste em entre nós continuar.

Coligações entre alguns partidos, claramente ditas para derrotar o grupo esquerdista, vão surgindo… O que incomoda tanto o movimento, dito de esquerda, para ser necessário uma aliança na bancada de direita? Assusta o suficiente para unirem forças entre vários partidos?

Parece que sim, e cada vez mais está notório e é assumido por alguns representantes.

Para alguns isso poderá assustar, mas para muitos e vários de nós apenas nos impulsiona o trabalho e o objetivo. Nos faz lembrar que o direito à Vida, o respeito e a Liberdade de ser não está ainda garantida e assegurada.

Deixemos as ameaças e os desconfortos serem uma força, que nos foca ainda mais no nosso trabalho, em nosso dia a dia comum.

A força assente na ditadura não mais deveria existir e ela está muito perto de se extinguir. Esse ato e movimento pré-histórico, da era das cavernas de nós depende que encerre o ciclo e caia definitivamente.

Os atos discriminatórios ungidos de ódio e uma força que vem das trevas devem parar imediatamente, pois essa força composta de uma ideologia de direita vulgar não mais deveria permanecer. É um movimento sujo que se mostra e aparece como subtil, no entanto essa gentileza não é verídica.

Sejamos autênticos e conscientes, hoje e sempre, pois o fascismo atual e moderno poderá e certamente irá permitir que as garras opressoras controlem e tomem conta das nossas vidas.


Artigo publicado na página/site do Bloco de Esquerda - Madeira, a 29 de Agosto de 2020.