Poderá haver (e chegar) o dia, em que não mais se veja a
desigualdade…
Terra de sonhos, ou o dito paraíso? Não! Não creio nisso,
pois essa essência de nós depende que exista e seja possível.
Cada um de nós é único, diferente e singular. O corpo, este
veículo em que cada qual se apresenta, manifesta a perfeição da natureza. Ainda
que assim não consiga enxergar.
Questiono a mim mesmo, porque insisto em querer que seja
tudo à minha maneira?
Se a Biologia nos mostra que, a variabilidade genética vai
gerar os traços e características próprias e únicas de cada um… quão egoísta
seria eu, ao querer ser idêntico ou igual ao outro?
Ou que alguém virá a pensar e entender o mundo, tal e qual
como eu?
Vale ressaltar que a diversidade existente é das maiores
riquezas que podemos observar. Poderá ser desconfortável, desafiante em alguns
momentos, ou ainda (se assim o permitir) uma nova perspetiva multicolorida. Com
certeza não deixa de ser fundamental para a evolução.
Nesse momento, terei a oportunidade para aprender novos
dialetos, idiomas, linguagens, além de todas aquelas, das quais as cordas
vocais humanas emitem. Talvez a comunicação com outros seres vivos se torne
possível e compreensível.
Conseguiria decifrar o canto de alguns pássaros, à beira de
minha janela? Certamente que sim!
Quem sabe poderei vir a entender o pedido insistente do
coelho ou de outro gato? Para tal, me permito ouvir atentamente, sem
expectativas, ou na esperança que irão falar conforme gostaria. Tal e qual
daquela maneira, em que por vezes são retratados nas bandas desenhadas ou nas
telas do cinema.
Entender e respeitar as múltiplas naturezas vivas é um
desafio, em simultâneo uma dádiva oferecida gentilmente a mim, e a todos nós.
Antes de ignorar o que o outro me transmite, procuro ouvir
atentamente e com o respeito que lhe é próprio. Sem julgar ou menosprezar a
biodiversidade, sigo em frente…
Pois, uma voz… simboliza uma vida…
Vida essa, que poderá fazer toda diferença, para mim, para
ti e para ele ou ela…
Estarei disposto a olhar com gentileza para todo o ser vivo?
Para os animais humanos e não humanos?
Desafio-me a mim mesmo, mas também a ti…
Subindo degrau por degrau, na escalada da vida assim vou…
Hoje vou olhar para o outro(a), aquele(a) qual nunca parei
para observar e respeitar. Pode ser uma gaivota, um ganso, um peixe… permito-me
apenas sentir e contemplar o momento. Talvez tenhas agradáveis surpresas e
descobertas, ou até mesmo revelações.
Pois uma voz é uma vida... a tua, a minha e a de todos os
seres vivos… inclusive animais não humanos.
Pensa nisso, com carinho e…
Assim deixo-te, com esta reflexão e nova descoberta, para
mim e para ti.
Até à próxima!
Artigo publicado na Tribuna da Madeira, a 18 de Outubro de 2020.
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