As vidas importam
O movimento Black Lives
Matters (As vidas negras importam) impulsionou e trouxe visibilidade para a
luta contra o racismo ao redor do mundo. Embora seja uma batalha antiga, casos
mediáticos como o de George Floyd, apenas flagram aquilo que é o comum
no nosso sistema social. Mais uma vida foi retirada, no qual o ódio/racismo
estrutural incutido na nossa sociedade aprisiona e condena as pessoas negras.
A força violenta e abusiva
das autoridades de segurança é apenas uma extensão da estrutura que nega a
liberdade das minorias.
Preferimos acreditar que o
racismo não existe no nosso meio, que não seríamos racistas e que jamais
poderíamos ser coniventes com tal conduta.
Observemos um caso recente,
no qual a atriz brasileira Giovana Ewbank e o seu marido, o ator Bruno
Gagliasso ficaram expostos a uma situação inadmissível. Os filhos foram
vítimas flagrantes de um crime de ódio, tipicamente conduzido pelo racismo.
Como se não bastasse o constrangimento, a agressora saiu impune (até à data) da
delegacia de polícia, alegando estar alcoolizada. Se o motivo é de facto o
alcoolismo, porque não foi apresentado um plano para recuperação da doença?
Talvez um pedido de desculpas, no mínimo, não lhe ficasse nada mal… Mas, nem
isso!
De acordo com o Artigo 1º,
presente na Lei 93/2017, de 23 de agosto: “A presente lei estabelece o regime
jurídico da prevenção, da proibição e do combate a qualquer forma de
discriminação em razão da origem racial e étnica, cor, nacionalidade,
ascendência e território de origem.”
Isto significa que, a
despeito de termos uma legislação em vigor que, em teoria protege a todxs nós,
mas na prática tem ficado muito aquém do seu cumprimento.
“Numa sociedade racista, não
basta não ser racista. É necessário ser anti-racista.” – Angela Davis.
Falamos do combate ao
racismo, como poderíamos falar de tantas outras minorias, como os direitos
LGBTQIA+. Diariamente, pessoas que estão à margem do padrão
hétero-cis-normativo são vítimas de ataques violentos, desde o mais sutil ao
mais bárbaro crime de ódio. As piadas, as chacotas e o bullying são eventos aceitáveis
no nosso quotidiano. O cabelo, a roupa e todas as formas de expressão são
arquétipos clássicos que marcam a diferença. Sim, desde cedo aprendemos que a
cor azul está destinada aos meninos e a cor rosa é exclusiva das meninas.
Ainda antes de virmos ao
mundo, o anúncio do sexo da criança é algo fortemente esperado e celebrado.
Se a criança for intersexo,
como irá ser? Ou trans e/ou não se identificar com o formato binário atribuído?
Talvez seja hora de revermos toda a nossa conduta, pois cada qual tem o direito
a manifestar a sua própria individualidade, sem corresponder a expetativas,
sejam dos progenitores ou não.
Podemos presenciar
professores universitários a debochar do aluno gay ou trans que se manifesta na
sala de aula. Não raro assistimos a episódios clássicos de LGBTQIA+Fobia, os
quais frequentemente provocam traumas, gerando homicídios e/ou suicídios.
Todxs nós somos responsáveis
e temos um papel fundamental que poderá intervir e fazer a diferença, em
qualquer situação semelhante das quais acima foram citadas.
“Todos os jovens,
independentemente da sua orientação sexual ou identidade, merecem um ambiente
seguro e solidário para que possam atingir todo o seu potencial” – Harvey
Milk. (Continua num próximo artigo…)
Artigo publicado no site esQrever, a 10 de Agosto de 2022.
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