O Poder do Voto
Na nossa educação e instrução social somos ensinadxs a não questionar, ouvir
e acatar as informações e/ou conteúdos que nos são transmitidos. De imediato,
poderíamos perceber que, estamos a perder o direito e a liberdade do pensamento
crítico.
Fatalmente a estrutura em vigor orienta-nos a crer nos mais variados e infames
discursos proferidos pelas figuras políticas. Sequer nos permitimos ler com
atenção e cuidado, verificar o que está a ser emitido, tão pouco conhecer o
historial daquelx candidatx. Assim sendo, se apenas recebemos e acolhemos, sem
a hipótese de questionar ou pesquisar, indica que, automaticamente iremos votar
sem qualquer prudência.
Recuemos um bocadinho na nossa linha cronológica, retornando à era em que as
mulheres e as pessoas negras não podiam votar. Sim, hoje nos é impensável ou
inquestionável qualquer pessoa ser impedida de exercer esse direito.
Lamentavelmente isso aconteceu, e é mais recente do que poderíamos imaginar.
Foi a Nova Zelândia o primeiro país democrático a reconhecer esse direito ao
sufrágio feminino. A feminista neozelandesa Kate Sheppard liderou
a luta intensa, para que esse direito fosse reconhecido.
Após o movimento impulsionado pela Sheppard, a Inglaterra
em 1918 conquistou o direito ao voto feminino. Daí em diante, as mulheres ao
redor do mundo manifestaram o seu direito ao voto em seus países. Em Portugal,
após a Revolução de 25 de Abril de 1974 se consagraria o sufrágio universal,
sem qualquer restrição ao género atribuído à nascença.
Ainda que esse direito seja legalmente reconhecido, há algumas zonas do
planeta que a barreira ainda se mantém e/ou persiste. No Brasil, as mulheres
negras encontram dificuldades para exercer essa atividade democrática. Vale
lembrar que, desde o ano de 1932 (no Brasil), as mulheres tiveram o seu direito
ao voto reconhecido.
“As rosas da resistência nascem no asfalto. A gente recebe rosas, mas vamos
estar com o punho cerrado falando de nossa existência contra os mandos e
desmandos que afetam nossas vidas.” – Marielle Franco.
Até quando iremos desvalorizar esse exercício democrático imprescindível? A
taxa de abstenção em Portugal tem um valor médio de 60,4% (dados de 2 de março
de 2021, do INE – Instituto Nacional de Estatística),
caracterizando uma profunda preocupação. Quando iremos assumir a nossa
responsabilidade democrática e eleger conscientemente a melhor representação
público-administrativa?
O movimento negro há anos que luta persistentemente para colocar um fim ao
racismo e a sua expressão calibrada de ódio e preconceito. Harriet Tubman, Martin
Luther King Jr., Rosa Parks, Malcolm X e Angela
Davis são algumas das principais figuras públicas que marcam a
história do movimento.
Estas pessoas lutaram durante anos e algumas delas já não estão mais entre
nós, para dar o seu testemunho.
Uma minoria que sofreu (e continua a ser perseguida) tremendamente, mas que
durante largos anos foram vítimas de uma serventia abusiva, cruel e bárbara. Não
apenas a escravatura demarca este período lamentável da evolução histórica, mas
sobretudo a persistência do preconceito racial. E sim, ele continua presente na
nossa sociedade, quer tenhamos consciência ou não.
É de salientar que durante anos as pessoas negras não tinham o direito a
exercer o voto. No ano de 1965, após uma luta árdua liderada por Martin
Luther King Jr., esse direito foi reconhecido nos Estados Unidos da
América.
São várias as barreiras instituídas pelas entidades governamentais, para assim
manter o controlo e a soberania totalitária dissimulada.
Brasil prepara-se para ir a votos
No Brasil, as próximas eleições presidenciais farão a diferença no rumo da
democracia e consequentemente serão um espelho que refletirá e terá influência
por todo o mundo. Em causa está a ameaça constante ao Estado Democrático,
cometida pelo atual presidente, Jair Bolsonaro. Ainda antes de assumir a
presidência, enalteceu a ditadura, sendo um dos líderes desse regime militar
uma de suas referências políticas, o general Brilhante Ustra. Além de ameaças
democráticas ao Supremo Tribunal Federal, enquanto deputado incitou uma guerra
civil, durante uma entrevista no ano de 1999. Nessa mesma entrevista, concedida
ao programa "Câmera Aberta", transmitida pela TV Bandeirantes do
Rio de Janeiro, Jair Bolsonaro disse que os problemas do país iriam ter um
fim "quando nós partirmos para uma guerra civil aqui dentro".
Acrescentou, "Fazendo o trabalho que o regime militar não fez, matando uns
30 mil, começando com o [então presidente] Fernando Henrique Cardoso. Não
deixar pra fora, não, matando. Se vai morrer alguns inocentes, tudo bem, tudo
quanto é guerra morre inocente". E deixou bastante claro que "Eu sou
favorável à tortura, você sabe disso. E o povo é favorável".
Em contrapartida, Luiz Inácio Lula da Silva tem uma atuação política
diferente do atual presidente e preza pela equidade, progresso e justiça
social. O ex-presidente foi preso injustamente, essa conclusão foi declarada
pela Justiça Brasileira e pelo Comitê de Direitos Humanos da Organização
das Nações Unidas (ONU). O ex-presidente foi vítima de justiça parcial e
teve violado os seus direitos políticos, civis e à privacidade. Lula ganhou
absolutamente todos os processos movidos contra ele, sendo assim um total de 25
processos judiciais. Foi reconhecido e aclamado mundialmente, sendo apontado
pela "Time" , como um dos líderes mais influentes do mundo. Na
França, recebeu o prêmio de uma revista especializada e reconhecida em política
"Politique Internationale". Foi também indicado, no ano de 2019, ao Prêmio
Nobel da Paz, entre outras condecorações e reconhecimentos globais, o
ex-presidente transparece claramente quais os seus objetivos políticos. O Lula
foi o presidente que mais promoveu a inclusão social na história, alçou o país
ao sétimo lugar no ranking económico mundial e, durante o seu mandato
possibilitou que 32 milhões de brasileirxs saíssem da pobreza e entrassem na
classe média. Entre outros feitos, o ex-presidente progressista criou 15
milhões de empregos formais, foi o presidente que mais investiu na educação,
mesmo sem ser diplomado e investiu na agricultura familiar.
Existem evidências suficientes para obtermos as nossas conclusões e é caso
para questionar seriamente: que tipo de presidente irá o povo
brasileiro eleger para os próximos quatro anos?
O exercício do voto é o momento marcante e determinante para toda e qualquer
pessoa, pois é ali que se inicia a vida social democrática. O voto legislativo
é tão importante quanto o voto das Associações Estudantis, como das Associações
de Direitos Humanos, bem como eleger a representação das turmas universitárias
e representações de cursos e/ou professores académicos.
Atravessamos o momento adequado e oportuno para começar a fazer a diferença nas
nossas vidas, bem como refletir e ser uma extensão modelar na nossa sociedade.
Que tal numa próxima eleição participar ativamente? Quer seja no condomínio, na
escola, no trabalho, na universidade, ou em qualquer outro espaço.
“As nossas vidas começam a terminar no dia em que permanecemos em silêncio
sobre as coisas que importam.” – Martin Luther King Jr.
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