terça-feira, 5 de julho de 2022

As causas e os movimentos sociais

 


Ativismo, ONG´s, manifestação, protesto e disrupção são alguns dos termos que compõem a história do ativismo por todo o planeta.

Histórias e relatos de grande sofrimento, de muita dor, mas sobretudo de grande resiliência. São várias as frentes e vários os momentos que pessoas com visibilidade, acima de tudo as pessoas anónimas que deram as suas vidas. Torturas, motins, agressões, prisões, mortes e suicídios de tantos seres que demarcam as linhas da evolução social. E sim, graças a tantas e várias pessoas hoje temos uma sociedade (em alguns pontos, pelo menos) um pouco menos opressora.

Ativistas como a Harriet Tubman, Rosa Parks, Nelson Mandela, Harvey Milk, Sylvia Rivera, Marsha P. Johnson, Peter Tatchell, António Serzedelo, Marielle Franco, Dian Fossey, Jane Goodall e Stella McCartney são alguns ícones marcantes da história.

A igualdade de género, LGBTQIA+, ambiente e animais são alguns dos principais movimentos. Todos as lutas gritam e trabalham arduamente pelos mesmos motivos, são eles o respeito, a liberdade, o direito à vida e o fim do sofrimento e/ou tortura.

Individualidades e formas de expressão não-normativas sempre incomodaram a humanidade, pois tudo aquilo que não conhecemos elaboramos um (pré) conceito. Mitos, mentiras e tantos erros geraram consequências atrozes em inúmeras vidas.

A escravidão humana, o abuso do trabalho, a exploração infantil, o racismo, a xenofobia, a homobitransfobia e a tortura animal continuam presentes. Sim, a Revolta de Stonewall impulsionou a luta pelos Direitos LGBTQIA+, no entanto vivemos num país, e sobretudo numa ilha extremamente homo-bi-transfóbica.

Os direitos das mulheres não estão tão assegurados, em contrapartida constantemente elas são alvo de ataques e abusos. Exemplo vivo disso são as mulheres transgénero e são vítimas de brutal violência.

Os animais, nomeadamente os domésticos, têm hoje um estatuto legal que os protegem (supostamente deveria protegê-los), ainda assim, diariamente ativistas e organizações de proteção animal atuam arduamente no terreno para retirar tantos animais de inimaginável sofrimento.

Sim, alguns casos mediáticos impulsionam e dão visibilidade aos grupos e seres vivos que são reprimidos, violados e abusados. Antes não era possível publicar em direto, hoje o acesso à informação é muito mais fácil e rápido.

Os gritos eram audíveis, no entanto, vivemos num tempo em que fascistas saudosistas insistem em que uma ditadura volte a imperar. Não, não estamos livres da extrema-direita e estamos enganados em achar que não mais poderá existir um campo de concentração. Vejamos bem, a escravidão foi abolida, mas as condições laborais dão-nos a falsa ilusão de que temos os direitos garantidos. Ainda assim, não raro ouvimos os absurdos que as entidades patronais cometem perante seus trabalhadorxs.

Vivemos numa era em que estamos próximos do final da pandemia covid-19 e no início de uma “guerra fria”. Ainda assim, alguns líderes da extrema-direita ganham destaque e adeptxs, como a Marine Le Pen, candidata à Presidência na França, o André Ventura, líder do Chega no Parlamento Nacional e o Presidente Brasileiro Jair Bolsonaro. Precisamos continuar com o nosso ativismo, a nossa luta, ir para as ruas e protestar, manifestar e lembrar que, toda a forma de ser é válida e deve ser respeitada, seja ela qual for. A luta contra o racismo é tão importante quanto a luta contra o sofrimento dos animais. Todas as causas e os movimentos sociais são igualmente imprescindíveis.


Artigo publico na Tribuna da Madeira, a 20 de Maio de 2022.

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