terça-feira, 5 de julho de 2022

Os animais e o arco-íris

 


Os animais não-humanos continuam a ser enxergados, em sua maioria, como meros produtos descartáveis. A essência da biodiversidade está longe de ser conhecida e respeitada pela nossa sociedade.

Ainda que, os animais de companhia tenham alguma legislação, ainda não é suficiente para os proteger da atrocidade humana. Vejamos bem, pela terceira vez consecutiva, o Tribunal Constitucional declarou com inconstitucional a lei que protege os animais de companhia contra maus-tratos. Até quando iremos permanecer nesta barbárie?

Tudo começa na nossa educação cívica social, aquando não somos familiarizados com a natureza diversa expressa ao redor do nosso planeta. Sim, muitxs de nós nunca sequer tiveram a chance de contemplar o habitat das vacas ou dos cavalos, por exemplo. A maioria de nós apenas vê o que os canais mediáticos e toda a comunicação social emitem, sem poder ter conhecimento da sua origem.

O que nos leva a desrespeitar um ser vivo? Que superioridade é essa, assumindo eu que tenho o direito de agredir o outro? Quanto mais os animais (não-humanos), os quais habitualmente não têm como se defender.

Como consigo eu dormir, com a minha sã consciência, ao saber que contribuo e/ou compactuo com o sofrimento destes pequenos, grandes seres?

“A grandeza de uma nação e seu progresso moral podem ser julgados pela forma como seus animais são tratados.” – Mahatma Ghandi.

Igualmente o cenário repete-se sob outro grupo oprimido e diariamente massacrado… Sim, estamos a falar das pessoas LGBTQIA+.

Durante a nossa jornada diária, não raro observamos e ouvimos falas como “o casamento homossexual deveria ser proibido, é uma pouca-vergonha”, “as mulheres transgénero não são mulheres a sério”, entre outros lamentáveis argumentos.

Pergunto-me, se não pretendo casar-me com alguém do mesmo género, porquê incomoda-me tanto? Ao ponto de ficar transtornado com o casamento homoafetivo… Se não pretendo, não me caso, simples! Que as pessoas sejam felizes, tal como são e, ponto final, não é da minha conta.

A identidade de género somatiza uma individualidade, é um direito humano, e cada qual sabe aquilo que realmente é. Seja homem ou mulher transgénero, género fluído, não-binarie, entre outras identidades e expressões.

E sim, cada qual é como é, quer eu goste, quer não… Pois não se trata de gostar ou entender, mas é nosso dever respeitar.

“Não existe orgulho para alguns de nós, sem haver libertação para todos nós.” – Marsha P. Johnson.



Artigo publicado na Tribuna da Madeira, a 03 de Junho de 2022.

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