Nos tempos que correm,
frequentemente nos deparamos com o cinzento das inúmeras construções, bem como
o asfaltamento de estradas, entre outros pontos visíveis.
A estrada das Ginjas
tornou-se um assunto bastante mediático, embora polémico, pois gera conversas e
diversas argumentações. Ainda que, coloque em risco o ecossistema em questão,
assim como prejudicar a Floresta Laurissilva, a governação atual está disposta
a sacrificar a nossa ilha. Ativistas e ONG´s manifestaram-se, além de
investigadores e técnicos, citando cientificamente quais serão as consequências
negativas. É no mínimo duvidoso ou questionável a veracidade do estudo de
impacte ambiental elaborado pela empresa que foi contratada para a construção
da presente estrada. Qual o motivo ou justificação para apenas um estudo? Seria
o suficiente para fazer uma avaliação rigorosa e cautelosa?
Seguidamente, atravessando
algumas mais estradas e localidades, chegamos até ao Curral das Freiras.
Imediatamente saberemos o assunto que está em causa, a construção do teleférico
na localidade. Facilmente questionamos quais serão os benefícios, para as
pessoas que moram nessa zona, bem como para turistas e, sobretudo a envolvência
ambiental. Enumeramos a fauna e a flora, seguido da paisagem, chegando até à
segurança de todas as pessoas que estarão envolvidas. Envolvem sérios
investimentos económicos, deturpando o Curral, e trazem sérios riscos para a
saúde da nossa Madeira. Seria demasiado perguntar se estaria em causa a
segurança dos visitantes e locais? E a riqueza das plantas, das aves e diversos
seres vivos que ali residem, visitam e transitam? Ora, pois, uma vez mais, a
entidade governante atropela todas as questões de cariz científica,
independentemente da sua natureza.
Estamos a esquecer e a
ignorar um facto imprescindível, só temos um planeta e, atualmente a saúde
ambiental está em sério risco. Segundo o último relatório do IPCC (Painel
Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas) há alterações climáticas que
são irreversíveis e, no entanto, se não travarmos a nossa destruição em massa
constante estaremos a pôr em causa (ainda mais) a vida como um todo.
Mudanças nas rotinas e
hábitos precisam ser repensados, a atual pandemia trouxe-nos precisamente esse
recado, o da mudança! Queremos mesmo regressar ao normal? Que normalidade é
essa, quando nos maltratamos em nossas casas, pontapeamos os animais
domésticos, arrancamos árvores, contaminamos os solos e destruímos a nossa
saúde? Já ultrapassamos o limite há muito tempo, os cientistas há largos anos
que nos avisam do cenário. Sentimos secas, mudanças extremas e bruscas na
temperatura, o aumento do nível do mar e ainda assim as pessoas negacionistas
insistem que é tudo uma invenção dos/das ambientalistas. O nosso país será um
dos mais afetados da zona mediterrânica com o aumento do nível do mar e ainda
assim achamos que nada irá acontecer.
Em qual planeta queremos
viver, o que queremos ser e fazer?
O tempo urge e precisamos,
cada qual, rever conceitos e paradigmas e, de facto mudar. Como diz o
Secretário-Geral da ONU, António Guterres: “Trata-se de um alerta vermelho para
a humanidade. Os alarmes são ensurdecedores: a emissão de gases de efeito
estufa provocadas por combustíveis fósseis e a desflorestação estão a sufocar o
nosso planeta."
Artigo publicado na Tribuna da Madeira, a 22 de Abril de 2022.
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