terça-feira, 5 de julho de 2022

O panorama ambiental na R.A.M.

 


Nos tempos que correm, frequentemente nos deparamos com o cinzento das inúmeras construções, bem como o asfaltamento de estradas, entre outros pontos visíveis.

A estrada das Ginjas tornou-se um assunto bastante mediático, embora polémico, pois gera conversas e diversas argumentações. Ainda que, coloque em risco o ecossistema em questão, assim como prejudicar a Floresta Laurissilva, a governação atual está disposta a sacrificar a nossa ilha. Ativistas e ONG´s manifestaram-se, além de investigadores e técnicos, citando cientificamente quais serão as consequências negativas. É no mínimo duvidoso ou questionável a veracidade do estudo de impacte ambiental elaborado pela empresa que foi contratada para a construção da presente estrada. Qual o motivo ou justificação para apenas um estudo? Seria o suficiente para fazer uma avaliação rigorosa e cautelosa?

Seguidamente, atravessando algumas mais estradas e localidades, chegamos até ao Curral das Freiras. Imediatamente saberemos o assunto que está em causa, a construção do teleférico na localidade. Facilmente questionamos quais serão os benefícios, para as pessoas que moram nessa zona, bem como para turistas e, sobretudo a envolvência ambiental. Enumeramos a fauna e a flora, seguido da paisagem, chegando até à segurança de todas as pessoas que estarão envolvidas. Envolvem sérios investimentos económicos, deturpando o Curral, e trazem sérios riscos para a saúde da nossa Madeira. Seria demasiado perguntar se estaria em causa a segurança dos visitantes e locais? E a riqueza das plantas, das aves e diversos seres vivos que ali residem, visitam e transitam? Ora, pois, uma vez mais, a entidade governante atropela todas as questões de cariz científica, independentemente da sua natureza.

Estamos a esquecer e a ignorar um facto imprescindível, só temos um planeta e, atualmente a saúde ambiental está em sério risco. Segundo o último relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas) há alterações climáticas que são irreversíveis e, no entanto, se não travarmos a nossa destruição em massa constante estaremos a pôr em causa (ainda mais) a vida como um todo.

Mudanças nas rotinas e hábitos precisam ser repensados, a atual pandemia trouxe-nos precisamente esse recado, o da mudança! Queremos mesmo regressar ao normal? Que normalidade é essa, quando nos maltratamos em nossas casas, pontapeamos os animais domésticos, arrancamos árvores, contaminamos os solos e destruímos a nossa saúde? Já ultrapassamos o limite há muito tempo, os cientistas há largos anos que nos avisam do cenário. Sentimos secas, mudanças extremas e bruscas na temperatura, o aumento do nível do mar e ainda assim as pessoas negacionistas insistem que é tudo uma invenção dos/das ambientalistas. O nosso país será um dos mais afetados da zona mediterrânica com o aumento do nível do mar e ainda assim achamos que nada irá acontecer.

Em qual planeta queremos viver, o que queremos ser e fazer?

O tempo urge e precisamos, cada qual, rever conceitos e paradigmas e, de facto mudar. Como diz o Secretário-Geral da ONU, António Guterres: “Trata-se de um alerta vermelho para a humanidade. Os alarmes são ensurdecedores: a emissão de gases de efeito estufa provocadas por combustíveis fósseis e a desflorestação estão a sufocar o nosso planeta."



Artigo publicado na Tribuna da Madeira, a 22 de Abril de 2022.

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